SUCESSO SEMPRE
Venho declamando este
magn�fico �CANTO AO CRISTO�
especialmente nas proximidades da P�scoa
e do Natal, sempre com muito sucesso. E
s�o insistentes os pedidos, depois das
transmiss�es, de c�pias de grava��o e do
pr�prio texto, pois as pessoas se
encantam com suas li��es oportunas e
ainda atuais.
Na turbul�ncia dos dias
de hoje, este Poema � uma ben��o e um
convite � reflex�o. � tamb�m um apelo �
uni�o e � paz, � solidariedade e ao
congra�amento das pessoas em Cristo.
Embora fiel ao meu
compromisso com o povo de combater a
viol�ncia e os abusos em todos os
n�veis, aprecio transmitir mensagens que
possam renovar esperan�as de uma vida
mais participante, de fraternidade e
amor crist�o.
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CANTO AO
CRISTO |
Quero cantar-Te, CRISTO,
CRISTO amigo, pai, irm�o e
companheiro.
Quero cantar-Te
Na pobreza da manjedoura,
No trote do burrico, na fuga
para o Egito.
Na sabedoria do menino
ensinando os doutores,
Nas gotas de sangue pelos
espinhos da coroa,
Na fraqueza da dor humana
confessada na cruz.
Quero cantar-Te, CRISTO,
N�o nas can��es estilizadas
Dos que Te cantam sem
sentir-Te;
N�o nas esculturas m�sticas
De Tua imagem de pl�stico,
Mas na realidade org�nica de
Teu corpo,
De Teus ossos e de Teus
m�sculos
Pregados no madeiro
infamante.
Quero cantar-Te,
N�o nos desenhos coloridos
Que mostram Teu rosto sem
marcas,
Mas na face de mart�rio
impressa no sud�rio.
Quero cantar-Te,
N�o no aplauso ao Deus
renunciante,
Nem no elogio contrafeito �s
Tuas divinas capitula��es,
Mas na condena��o aos maus de
ontem
Que continuam sendo os maus
de hoje.
Quero cantar-Te, CRISTO,
No hino do trabalho,
Na Tua santa rebeldia a C�sar
e � sua lei,
Na ira sagrada que explodiste
no Templo,
Vergastando os fariseus,
Quebrando �dolos de barro
E expulsando os vendilh�es.
Quero cantar-Te, CRISTO,
Como filho de oper�rio,
Como pescador de peixe e de
almas,
Como amigo tra�do pelo amigo,
Como esquecida revela��o do
bem
E como contesta��o �
viol�ncia.
Quero cantar-Te, CRISTO,
Em nome da verdade
perseguida,
Em nome da paz humilhada
pelos brutos,
Em nome dos que sofrem fome e
sede de Justi�a.
Em nome dos que, como Tu,
morreram e morrem
Sentenciados pela prepot�ncia
da for�a.
Quero cantar-Te, CRISTO,
Num gesto de condena��o aos
ego�stas,
Num olhar de desprezo aos que
odeiam,
Numa palavra de rep�dio aos
que agridem,
Numa exclama��o de nojo aos
contam juros
E n�o sabem contar hist�rias
de amor.
Volta, CRISTO, e recebe meu
canto:
Para comp�-lo, emprestei a
voz do futuro,
Para diz�-lo, aprendi o verbo
da esperan�a,
E para ento�-lo � pudesse eu!
� formaria
O grande coral humano de
todos os homens,
De todas as mulheres e todas
as crian�as da Terra.
CRISTO, filho do homem,
Homem, filho de Deus,
Se
de novo Te fizeres Verbo
E vieres habitar entre n�s,
Muito haver�s de chorar,
Como choraste no Horto das
Oliveiras.
Haver�s de chorar aquela
menina asi�tica
Que a bomba incendi�ria
transformou em chamas;
Haver�s de chorar os que
disputam heran�as,
Como os guardas disputaram os
dados no G�lgota;
Haver�s de chorar a moderna
glorifica��o de Barrab�s,
Num estranho aplauso ao
hero�smo do crime;
Haver�s de chorar aqueles
muitos outros
Que, como Pilatos, lavam as
m�os e sujam a consci�ncia.
Haver�s de chorar as guerras,
O homem lobo do homem,
A destrui��o cient�fica da
vida,
A tecnologia a servi�o da
morte
E a ambi��o impiedosa dos
genocidas.
Chorar�s a devasta��o dos
bombardeios,
Os desfolhamentos qu�micos
desnudando as �rvores,
E o ventre da terra, sem
semente germinando,
Mostrar� sua viola��o pelos
obuses e morteiros.
Chorar�s os aprendizes da
feiti�aria da viol�ncia,
Que perderam os caminhos da
paz
E v�o, presas do pr�prio
medo,
Ensaiando
o grande suic�dio coletivo.
Haver�s, ainda, de chorar
muita coisa:
Chorar�s os suntuosos
sepulcros de m�rmore,
Os modernos apedrejadores de
ad�lteras,
Os que, at� hoje, querem ver
para crer,
Os que n�o tem f� por
vergonha humana.
Chorar�s os que coam um
mosquito
E engolem um camelo.
Chorar�s o progresso
desumanizado
E a civiliza��o morrendo
polu�da.
Chorar�s por Ti mesmo,
Pelas Tuas dores, pela Tua
ang�stia,
Pela Tua morte, pelo Teu
mart�rio
E pela Tua gl�ria.
E tudo isto haver�s de chorar
Se de novo Te fizeres Verbo
E vieres habitar entre n�s.
CRISTO, filho do homem,
Homem, filho de Deus,
Embora muito tenhas que
chorar,
Embora muitos venham a
trair-Te
E de novo queiram
crucificar-Te,
Embora muitos possam zombar
de Ti
E de
novo queiram coroar-Te de espinhos,
Embora muitos possam
vender-Te por trinta dinheiros,
Embora muitos daqueles
Que hoje usam e abusam de Teu
nome
Venham a negar-Te antes e
depois de cantar o galo,
Embora Tua dinastia divina
Possa, mais uma vez, sofrer
esc�rnio,
E Teus naturais direitos
humanos
De novo n�o encontrem
senten�a que os reconhe�a,
Embora tudo isso,
� urgente que voltes � Terra
E que venhas multiplicar os
homens de boa vontade.
Volta, CRISTO, e de cima do
monte, repete,
Para aqueles que t�m ouvidos
de ouvir ou�am;
- Ai de v�s, fariseus
hip�critas,
Que profanais o Meu Natal
Com as mentiras de papai noel,
Que promoveis banquetes e
festins
E n�o convidais nenhum pobre,
nenhum coxo, nenhum cego.
- Ai de v�s, fariseus
hip�critas,
Que devorais as casas das
vi�vas,
Que dais redentoras esmolas
Fazendo, antes, soar bem alto
a trombeta,
Para que todos saibam e
aplaudam
A vossa vaidosa caridade.
- Ai de v�s, fariseus
hip�critas,
Que vos fartais com a fome do
mundo,
Que vendeis armamentos de
guerra,
Que pagais o d�zimo da
hortel�, do endro e do cominho,
Mas que vos esqueceis de
praticar
A Justi�a, a Miseric�rdia e a
F�.
- Ai de v�s, fariseus
hip�critas,
Que tomais em v�o o Santo
nome do Senhor,
Que fazeis guerras em nome
das religi�es,
Que pondes remendos novos em
panos velhos,
Que pouco vos importais que
se perca todo o rebanho,
Que pretendeis salgar com o
sal ins�pido,
Que vos vestis de p�rpura e
continueis negando
A L�zaro as migalhas de
vossos banquetes.
Volta, CRISTO!
CRISTO amigo, pai, irm�o e
companheiro.
Volta depressa,
Volta antes que se consume a
Grande Trag�dia Humana;
Volta logo para evitar que o
mundo se transforme
Num grande t�mulo fumegante e
sem ressurrei��o,
Volta, CRISTO!
Se voltares, eu, Tu, os
poetas e os menestr�is,
Os simples, os solit�rios e
os famintos,
Os justos e os humilhados,
Os silenciosos e os
silenciados,
Os pac�ficos e os
amargurados,
Todos n�s,
Na multiplica��o universal de
todos os homens,
De todas as geografias, de
todos os sangues,
De todos os credos e de todas
as origens, � todos -,
De m�os dadas e de cora��es
somados,
Faremos florir pelos
horizontes do espa�o
E pelas fronteiras do tempo,
Todos os milagres do amor.
Se
voltares, CRISTO,
Faremos luzir o ouro das
espigas de trigo
Para que todos tenham p�o,
Cantaremos o poema da
solidariedade
E seremos todos bons
samaritanos.
Limparemos a lepra do �dio do
cora��o do homem
E acenderemos candeias onde
haja escurid�o,
Ensinaremos a palavra ternura
E rezaremos preces no altar
das flores.
Recitaremos a poesia da
consci�ncia livre
E teremos a for�a da verdade
que liberta,
Pregaremos o serm�o da
fraternidade
E enxugaremos a l�grima do
irm�o que chora.
Se voltares, CRISTO,
Transformaremos os canh�es em
tratores,
Os ninhos ser�o s� de
p�ssaros e n�o de metralhadoras,
Os avi�es voar�o com as asas
da conc�rdia,
Os foguetes m�sseis
transportar�o rem�dios,
Todos os navios pertencer�o a
todos os portos,
E antes de conquistar a Lua,
Marte e V�nus,
Conquistaremos a alma humana
E a felicidade,
A
suprema felicidade de ser gente.
Por tudo isto e para tudo
isto,
� urgente que voltes � Terra.
Volta, CRISTO, e traze na m�o
Tua espada de luz
Para com ela cortar as trevas
humanas
E transformar numa alvorada
nova
A noite negra do nosso
destino.
Por tudo isto e para tudo
isto,
N�s Te esperamos, � Homem de
Nazar�;
N�o para ungir a agonia do
Homem,
Mas para que n�o morra, no
Homem, a
imagem de Deus
E nem se perca a obra da
Cria��o.
N�s Te esperamos, CRISTO
amigo,
Com o desespero daqueles que,
Por terem perdido o Caminho e
a Paz,
Est�o perdendo a F�, a
Esperan�a e a Caridade.
N�s Te esperamos como �ltimo
abrigo,
�ltimo abrigo contra as
bombas de n�utrons
Que destroem a vida sem
destruir as casas
Que, ent�o, ser�o moradas
vazias,
Ser�o catacumbas de espectros
e de sil�ncio,
Ser�o lares de pais, m�es,
filhos, netos,
Todos mortos...
N�s Te esperamos,
dolorosamente perplexos,
Ante a fatalidade
irremedi�vel das amea�as
E das promessas macabras e de
horror
Que pesam sobre nossa
ang�stia desarmada.
Vem, CRISTO,
E aplaca a loucura dos Neros
de hoje,
N�o lhes permitindo atear
fogo ao mundo.
Vem, CRISTO,
E det�m o tropel, sinistro e
pr�ximo,
Das bestas do Apocalipse
eletr�nico.
A humanidade n�o tem for�as
contra o �tomo assassino,
A humanidade sofre o pavor da
guerra qu�mica,
A humanidade est� doente de
terror e de d�vidas.
Salva a humanidade, Rabi da
Galil�ia!
Tu mesmo disseste
Que os fracos, os sofredores
e os enfermos
Eram Teus filhos prediletos,
e Tu os vieste salvar.
Volta, pois, e salva-nos,
Ainda que desta vez tenhas
que vibrar o chicote,
Tenhas
que dar bofetadas ao inv�s de receb�-las,
E ainda que desta vez tenhas
que dizer
Que Teu Reino � tamb�m deste
mundo,
E, ainda mais, que tenhas que
opor
�s pot�ncias e superpot�ncias
belicosas
As legi�es de anjos de Teu
Pai.
Volta, CRISTO,
N�s Te esperamos hoje, j�,
depressa,
Sem perda de tempo e sem
atraso.
N�s te esperamos agora,
Antes que a loucura at�mica
nos leve ao Nada,
Antes que a guerra nuclear
nos reduza a cinzas
E antes que seja tarde
demais...
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